Notação: correspondenciaocruzeiro.08
Data: 11 de janeiro de 1955
Título: Carta de Skyar para João Martins (p. 4)
Legenda: Quarta página da carta de Skyar, de São Paulo (SP), para o repórter João Martins, da revista O Cruzeiro.
Acervo: Paulo Henrique Baraky Werner
Procedência: Aquisição de Renato Ribeiro (http://loja.philatelia.com.br)
Digitalização: Paulo Henrique Baraky Werner, 3 de agosto de 2023
Dimensões: 2456 x 3483 pixels
Tamanho: 7,66 MB
Formato: JPG
Crédito: Revista OVNI Pesquisa
Publicado em:
Observações: Lê-se: “sem razão alguma, levado ao fracasso, e — como já escrevia Sílvio Romero na História da Literatura Brasileira — mestiço, imitador, fraco de raciocínio, indolente, et coetera… por culpa somente das novas descobertas que se fizeram ao tempo das grandes perseguições aos heréticos ou judeus… Ontem perseguiam, com ódio, os cristãos, aos povos semitas; hoje, infelizmente, somos os seus fiéis escravos, que se iludem com as promessas das cartas e tratados que falam sobre os direitos do homem, asse bárbaro que se embriaga até cair, porque não quer olhar o destino que lhe impuseram…e assim, dominado pela sublimação de sua ignorância à história, e à verdade, tudo admite, sem procurar olhar com mais profundidade de vistas o que é a “coisa” em si, mas, infelizmente, maravilhado com ela, com a ilusão que ela propicia à embaçada vista, aceita tudo sem inquirir o porquê é ou não, submetendo-se então, à cegueira de sua consciência, da maneira mais aviltante, postado como um réptil na lama em que se agita, sem tentar libertar-se da vergonha a que se acha dominado, para atingir a verdade que os sábios e os profetas lhe deram há milênios… olhando o alto e não vendo onde pisa. É necessário, caro patrício, que naja alguém para fazer mais clara a perspectiva da vida, mostrando os “alvos” de que a propaganda “incógnita” vai desenvolvendo, de maneira a cegar os homens, senão os de além fronteira, pelo menos, por um dever patriótico, os que consideramos nossos irmãos, por haverem nascido neste bendito chão, que é pobre de homens corajosos hoje em dia, mas rico para propiciar ao elemento estrangeiro, o panorama que a velha Europa não mais possui, já dominada que está pela continência do ódio e do terror, à vista da divisão proposital do mundo em duas partes ideais, o Ocidente, e o Oriente, o bem e o mal apontados para dar maior sucesso à causa engendrada pelos adoradores do bezerro de ouro; considerando-se primeiro, os pontos, nevrálgicos que poderão ser atingidos de imprevisto em nosso país; segundo, a desorganização de nossas forças, por causa da estupidez e inconsciência de nossos homens públicos; terceiro, a presença do inimigo nº 1 de nosso porvir, em toda a parte, gerando iniquidades e causando confusão; quarto, a falta de um objetivo único, na luta pela sobrevivência; quinto, a corrupção de nossa fé, dos costumes, enfim, de nossa mocidade; sexto, a imprevidência de nossos governantes anteriores e a persistência no erro, dos atuais; sétimo, a proximidade de um possível conflito, quando se usará e abusará da energia termonuclear, deixar-nos completamente como “expectadores”; oitavo, não providenciarmos desde já, pela união nacional, medidas que possam colocar nossas riquezas e as populações deste imenso território, salvaguardadas dos perigos iminentes, senão a oferecer segurança, pelo menos a fazer-nos mudar de hábito e viver uma vida melhor, cheia de alegria e conforto, onde todos estejam seguros de trabalharem para uma finalidade única, para uma unidade e força respeitada pelos inimigos de nossa pátria, seguindo aquilo que nos dita a razão de nossa ciência e sabedoria, já que somos bem evoluídos — pelo menos parecemos —, em vez de imitar os povos vizinhos ou de além mar, em seus erros e suas utopias, dando ao mundo inteiro uma prova daquilo mesmo que somos capazes, tanto em originalidade, quanto em capacidade e competência… desmentindo tudo o que dizem de nós!… despreocupados da visão dos “discos voadores” que, pelo que tenho observado, jamais se fará conhecer para gáudio nosso, felizmente ou infelizmente. Mas, quem sou eu, primo, para desejar que o colosso do Ipiranga, adormecido há 400 anos se levante, acordando da letargia de seu imaginário sono e destino? Quem sou para ditar um mundo de coisas boas para os meus bestificados irmãos, que acorrem aos cinemas, às casas de diversões, aos prados, aos “maracanãs”, para fugir aos rigores da vida cheia de provações e privações?… quando não vão levar a bolsa cheia para os mercados, para as lojas, para os bem montados “magazines”, atraídos pelas novidades?… Quem sou eu para despertar em meus patrícios o amor à sua pele, mostrando que não poderemos fazer fren-”
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